Eu consumo livros (31/08 a 5/09)

Férias no fim, um monte de experiências novas nos últimos dias e uma avaliação prática da usabilidade de alguns modelos de guias turísticos. Meu preferido continua sendo o Guia Visual publicado no Brasil pela Folha de S. Paulo. Fala o essencial, dá detalhes de curiosidades interessantes e as informações estão distribuídas de forma, para mim, mais lógica do que os outros.

Numa versão mais curtinha, para uma cidade só, a mesma PubliFolha tem o guia Top 10. Foi nossa ajuda em Praga (só que em inglês, publicado pela DK - emprestado por uma amiga). Outra boa pedida custo x benefício para uma cidade só foi o Guia e Mapa, da editora Ciranda Cultural, que também resolve bem. Usamos ele em Amsterdã. O único problema é que houve alguma confusão na gráfica e o mapa do metrô que veio na contracapa foi o de Praga e não o de Amsterdã.... rs.

Mas a grande decepção foi o guia Itália da Key Guide (também da Publifolha), intitulado 'o guia de viagem mais fácil de usar'. Não me entendi com ele: confuso, pouco prático, com informações sobre a mesma cidade separada em vários pontos ao longo do livro. E sem sem curiosidades sobre as cidades. Apenas o básico do básico. Insuficiente para mim.

Por exemplo: Bolonha. Este guia nem menciona a Piazza di Santo Stefano, uma praça triangular onde existia no passado um grupo de 7 igrejas construídas durante os séculos 12 e 17, e que correspondiam às 7 igrejas de Jerusalém. Resta a Chiesa di Santo Stefano, um conjunto de 4 igrejas, onde está a pia na qual se acredita que Pôncio Pilatos tenha lavado às mãos depois de condenar Cristo à morte. Curisidade total em ir lá ver! E foi o que fez a cidade valer a pena. A sorte é que eu tinha impresso um material do site do UOL e tinha este conteúdo.

Faixa azul

Para a Prefeitura de BH, o Estacionamento Rotativo não é um meio de arrecadação e sim uma forma de garantir que mais pessoas utilizem um mesmo espaço nas ruas para estacionar o seus veículos.

Belo discurso, mas, de fato, o Estacionamento Rotativo funciona mais como um imposto sobre estacionamento. Entretanto, o aparato doado pelo holandês camarada, citado no post anterior, se encaixa bem no discurso da prefeitura. E é muito mais justo com os motoristas.

Em algumas áreas das cidades holandesas, o estacionamento é limitado a um certo tempo, que varia entre meia e duas horas. É só marcar a hora que você estaciona o carro no aparato e pronto. Em outras áreas, como as turísticas, há o parquímetro. Nestas áreas, não há limite de tempo, paga-se pela vaga o valor correspondente ao tempo de permanência.


Este é o mecanismo para marcar a hora do estacionamento. Uma forma mais justa de garantir a rotatividade de vagas. Você compra uma vez e seu uso é ilimitado.

Just for fun

Chegamos em Enkhuizen, pequena cidade ao norte de Amsterdam, e nos deparamos com a mesma dificuldade de todas cidades européias: onde estacionar o carro?

Perguntamos no hotel e a recepcionista falou que por ser 19h poderíamos parar em frente. Estacionamos e fomos conhecer a cidade.

Ao voltarmos, dois policiais multavam os carros, um de cada lada da rua. E lá no começo dela estava o nosso carro, já com um papelzinho azul no retrovisor. Com maus pressentimentos e a sensação de termos levado uma facada pela inocência, fomos conversar com os guardas holandeses:

- Com licença. Por acaso não é permitido estacionar nesta avenida?

O policial nos olha, já com um sorriso irônico, e pergunta qual é o nosso carro.

- Se é aquele, do outro lado da rua, você terá que falar com o meu colega.

E já gritou alguma coisa em holandês para seu companheiro, que nos recebeu com certa impaciência.

- Com licença, mas não poderíamos estacionar nesta rua?
- Sim, mas deve-se marcar a hora de chegada no dispositivo de estacionamento colocado no pára-brisa do carro.
- Mas no hotel falaram que poderíamos estacionar depois da 19h sem isso...
- Esta avenida está numa área comercial, só podem estacionar sem a marcação depois das 21h., começou a explicar, com um pouco mais de boa vontade.
- E o que fazemos?
- Sessenta euros, disse o guarda mostrando o bloco de multas.

Enquanto a gente refazia a cara de susto, um casal, que provavelmente também fora multado, nos interrompe e começa a discutir rispidamente com o guarda em holandês. Depois de muita discussão, o casal se afasta e o policial nos leva até o nosso carro.

- Bem, e o que faremos com sua multa?, pergunta ele já acompanhado de seu colega.

Silêncio profundo, olhares atônitos.

O policial ri, risca o seu bloco de multas, pega o papel azul de nosso retrovisor e rasga.
- Pronto está resolvido.
- Muito obrigado. Mas, e agora, temos que parar em outro local? Ou onde podemos comprar este dispositivo para marcar a hora que estacionamos?

O policial olha para o outro, conversam entre si e depois responde que não sabe onde o dispositivo é vendido. Parece que todo mundo da cidade já tem o seu... Nisto, um morador local que estava há muito tempo se divertindo com a situação, enquanto tomava sua cerveja no bar em frente ao nosso carro, chama um dos policiais.

Depois de alguns minutos de conversa, o cara se levanta da mesa e vai correndo até o seu carro. O policial volta e nos diz:
- Acho que hoje é seu dia de sorte.

O cara voltou com um dispositivo de marcação extra que ele tinha e nos entregou com um ar divertido.

Os policiais se foram e fomos agradecer ao sujeito e perguntar como poderiamos pagá-lo pelo dispositivo.

- Não é nada. Nunca tinha visto a polícia cancelar uma multa antes e vocês conseguiram. É um agradecimento pela diversão.

Para nós, um alívio e uma mão na roda, pois o dispositivo funcionou em várias cidades da Holanda e da Itália.


Trânsito liberal

À primeira vista, o trânsito na Holanda é meio caótico. Há lugares onde ruas e calçadas quase não têm distinção entre si.

Temos a impressão de que bicicletas têm sempre a preferência. Elas parecem ter prioridade sobre carros e pedestres tanto nas ruas, ciclovias como nos passeios (detalhe: só porque tem motor, uma moto não deixa de ser uma bicicleta). Há paradas de bondes onde passageiros descem literalmente no meio da rua, entre os carros, nas faixas de trânsitos. E para um turista desavisado, o risco de ser atropelado por uma loira, falando ao celular, numa bicicleta é sempre constante.

Mas basta algumas horas para passar o choque inicial e perceber que há uma lógica por trás do aparente caos. Na realidade, o trânsito flui bem, sem problemas, baseado no respeito entre motoristas, ciclistas e pedestres. Uma alternativa corajosa que pode ser melhor entendida assistindo o vídeo abaixo da Discovery sobre as experiências no trânsito holandês.

Eu também consumo livros (24 a 29/08)

Sempre me encantei com lendas que envolvem reis, rainhas, fadas, bruxos, magias e supertições... Desde há muito, a lenda do Rei Artur e seus cavaleiros da távola redonda já povoavam meu imaginário. Amores impossíveis, intrigas palacianas, supertições do povo antigo, ligações diretas com a força da natureza, as artimanhas do catolicismo para se embrenhar na Inglaterra, tudo isso serve como pano de fundo para uma das mais belas lendas que conheço.

E como tudo na vida pode ser visto sob vários ângulos, esta lenda merece ser lida em duas versões. A primeira delas, As brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, traz a história na perspectiva da narrativa feminina, com o olhar aguçado de Morgana, a fada do povo pequeno, meia-irmã de Artur.

Já Bernard Cornwell traz outra visão da mesma lenda em sua trilogia As Crônicas de Artur - O rei do inverno, O inimigo de Deus e Excalibur. Aqui, a luta contra o crescente cristianismo também é retratada de forma interessante, enquanto a aparentemente infinita guerra contra os saxões acontece.

Bom, dizem que o Rei Artur nunca existiu. Não importa. Quem souber de algum outro livro legal sobre esta lenda, é só indicar.

Vale a pena ver de novo

Uma das imagens mais conhecida de todo o planeta, agora, também em novos formatos:

o clássico:

em retalhos:

para brincar:

para abrir o apetite:


e para tomar:

Eu também consumo livros (17 a 22/08)


Estreia na próxima sexta, dia 21, o filme Julie & Julia. A história é uma adaptação para o cinema do livro Julie & Julia: 365 dias, 524 receitas e uma cozinha apertada, escrito pela norte-americana Julie Powell. O livro, por sua vez, tem por base o blog que Julie, uma secretária frustada, infeliz na vida e no casamento, escreveu para registrar suas aventuras e desventuras ao decidir fazer todas (as 524!) receitas do livro Mastering the Art of French Cooking em apenas um ano!

O livro de receitas que ela adotou (esse eu não conheço) é de Julia Child, uma das mais importantes apresentadoras de programas de culinária na TV americana. Para o filme, foi feito um contraponto com a vida da culinarista, vivida por Meryl Streep, tendo como base sua biografia My life in France (que também não tenho).

Julie & Julia: 365 dias, 524 receitas e uma cozinha apertada foi vencedor do Blooker Prize (que premia livros baseados em blogs). Me diverti tanto com a história que não só li o livro praticamente numa sentada como também comprei outro para dar de presente e já emprestei o meu. Leitura despretenciosa e relaxante.

A marca do meu carro

Desde a força da personalidade de Henry Ford (que marca até hoje carros com sua assinatura), até as hélices de um avião da Bayerisische Motoren Werk (que hoje repousa apenas nas latarias de carros que voam com a abreviatura de seu nome: BMW), a marca estampada no veículo não só atesta sua qualidade, como também revela um pouco de sua trajetória.

Como a marca da Audi, que representa a união de quatro marcas de veículos alemãs.
Você pode ler outras histórias sobre as marcas da indústria automobilística no site neatorama.


Ritmo de férias

Como vender um país para o turista?

São várias as características culturais, muitos os apelos físicos e diversas as opções de lazer. Sintetizar a identidade de um país numa marca deve ser um trabalho desafiador e envolvente.

Esses são alguns exemplos garimpados do site cidade dos logos.

Eu também consumo livros (10 a 15/08)

Ontem foi o Dia dos Pais. Tem gente que acha este tipo de data comercial, mas lá em casa sempre foi momento de parar, dar beijo, ter almoço especial, dizer te amo. Este ano, foi por telefone... parte da vida.

Mas o momento me lembrou um dos livros mais lindos que já li. Um dos poucos que me deixou engasgada. Não só pela história, triste, mas pela leveza, coragem e bravura de quem a protagonizou. Para Francisco, da publicitária mineira Cristiana Guerra, é assim: um livro que nasceu de um blog, que nasceu de uma dor, que nasceu da solidão da perda misturada com a alegria de uma nova vida.

"Um homem tem morte súbita, dois meses antes do nascimento do seu único filho. Assim nasce este blog. Tentando entender e explicar dois sentimentos opostos e simultâneos vividos pela viúva e mãe que, no caso, sou eu. Muitos questionamentos. Muitos raciocínios. Muito aprendizado. E uma pressa em falar para o Francisco sobre seu pai, sobre o mundo e sobre mim mesma (só por garantia)."

Este é o texto que abre o blog que deu origem ao livro e dá ideia da delicadeza do que ela escreve. Do turbilhão de sentimentos que ela transfere para a tela e para o papel.

Variações sobre o mesmo tema

Um carro pode ser tão espetacular ou ter um bom isolamento acústico a ponto de não se notar os outros veículos que estão nas ruas?

Algumas agências de publicidade acreditam que sim.



Outra diz que um carro da concorrência pode ser tão insignificante a ponto de não ser notado.

No fundo, elas não devem notar os trabalhos uma das outras.

Eu também consumo livros (3 a 8/08)

Leitura das próximas semanas:

- Guia e Mapa de Amsterdam
- Top 10 - Praga
- Guia Itália
- além de painéis de aeropostos, vouchers de hotéis, placas de estradas, rótulos de vinhos...

Como vocês podem ver, nada como uma boa leitura prática depois de quase três anos sem férias. Mas o blog continua no ar, com posts programados para os próximos dias.

E, na volta, histórias de consumo pelo velho continente.