Vaga privativa

Algumas áreas das ruas de Belo Horizonte já têm dono: os tomadores de contas. "Profissionais" nada especializados que atuam na área de segurança de veículos. Alguns deles trabalham com a benção e um jaleco da prefeitura, já outros, nem com isso.

A rua Santa Rita Durão, entre Afonso Pena e Ceará, foi loteada entre os "tomadores de conta" que lá atuam. Bem organizados, eles não só chegaram a um acordo sobre quem cuidaria de qual vaga, como chegaram ao ponto de pintar o nome de cada responsável nas respectivas vagas. Nesta região, por coincidência, quem não contratava os serviços destes "profissionais" corria o risco de ficar sem o retrovisor. Apenas uma coincidência.

Na mesma área, havia uma exceção, um lavador de carro devidamente cadastrado na prefeitura que não abordava os motoristas e, sim, esperava ser chamado. Ele também não cobrava para estacionar na rua e com orgulho falava: sou lavador, não "tomador".

Sexta chuvosa, parar próximo ao Palácio das Artes seria difícil. Mas, por sorte, a vaga estava lá. Bastou Joãozinho ligar a seta para o "tomador de conta" aparecer correndo.
- Pára aí não doutor, pára ali.
- Meu amigo, ali é faixa de pedestre. Vou ficar aqui mesmo.
- Tá bom doutor, mas... olha são 10 merreis adiantado.
- Dez, sem chance. E não vou pagar adiantado não, acertamos na saída.
- Não, doutor. Na saída são 3, 4 carros saindo ao mesmo tempo. Eu perco a grana.
- Gente boa, o carro não vai sair sozinho. Na saída a gente acerta.

Já alterado pela raiva, o tomador de conta avisa:
- Aqui, sou cadastrado na prefeitura e se não pagar adiantado eu não posso garantir nada.

Depois de um argumento tão persuasivo e com receio de como encontraria seu carro, Joãozinho deu um adiantamento.
- 2? Mas eu pedi 10!
- O resto eu pago na saída.

Na saída, por sorte ou pela chuva, o "tomador" já não estava lá exercendo seu ofício. Mas o carro continuava em perfeita condições apesar de abandonado pelo "vigia".

6 comentários:

redatozim disse...

Nem me fale nesse povo

Eduardo César e Melo disse...

Por que Maurilo? Tudo gente boa.

APPedrosa disse...

Du, fiquei pensando no "atuam na área de segurança de veículos" do primeiro parágrafo. Pensei em discordar, mas você tem razão. Não paga, não, para ver se o veículo fica em segurança. E ninguém faz nada. Na região hospitalar, uma amiga não quis pagar e foi cercada por um bando de tomadores que a obrigaram a tirar o carro da vaga deles. Ela procurou a polícia, que isse que era com a BHTrans. Ela procurou a BHTrans e mandaram proucurar a regional. Na regional, falaram que era com a polícia...

Anônimo disse...

eu tenho ODIO! MORTAL! E já fui vitima do retrovisor sumido...nesta mesma rua...e tb tive o prazer de conhecer o avis rara da outra rua que não aborda ninguém. Este deveria ser canonizado...e no mais sei que não é nada correto mas que da vontade de sacar um 380 e pipocar num sujeito destes...ok. ok..passou. Vou ficar so no odinho mesmo..

Eduardo César e Melo disse...

Pois é Ana, o caso que você escreveu exemplifica muito bem a situação. Os "tomadores" se apossaram das ruas. Tomam as ruas, nosso dinheiro e nosso humor. E não temos a quem recorrer.

Eduardo César e Melo disse...

O melhor é baixar as armas Danny e ficar só na vontade. Quem sabe se rezarmos um pouco a solução cai do céu? Acho esta opção mais plausível do que esperar que os órgãos competentes(?) tomem alguma providência como mostra o comentário da appedrosa.