Valor da Marca
Quanto você pagaria por um quadro que tem um rasgo vertical bem no meio da tela e que nem ao menos foi pintado? A princípio, nada. Esse quadro à primeira vista, soa como um material danificado e sem valor. Mas, reflita, um pouquinho. Se o rasgo fosse proposital e esteticamente bonito? Se transmitisse um gesto ou uma emoção? Se houvesse uma história por traz dele? E se eu fosse autor, ou se fosse o Lúcio Fontana? Isto poderia alterar o seu valor?
Tudo depende de como olhamos para o quadro. Se fixarmos somente no rasgo, será apenas um buraco numa tela, uma comodite. Mas, se percebêssemos a força do gesto, se nos envolvêssemos com sua história, e se descubríssimos o protesto contra tradição artística ocidental através do buraco na tela, distiguiríamos esse rasgo de outros.
Lúcio Fontana conseguiu fazer com que um estrago aparente se transformasse em uma obra de arte. Ele não só foi pioneiro, mas diferenciou-se dos demais e criou um novo estilo de arte (Espacialismo). Fontana não vendeu apenas um quadro rasgado, ele vendeu um novo ponto de vista.
Se alguém ainda tem dúvida sobre a importância de um conceito por trás de um objeto, saiba que esta obra, “Conceito espacial - Espera “ está exposta no Tate Moderm, Londres (www.tate.org.uk para quem não for passar por lá nestes dias). Já a minha tela rasgada, bem, achei melhor trabalhar apenas sobre encomenda. Alguém aí se interessa?
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2 comentários:
Gostei da iniciativa! E já gostei dos dois textos.
Sobre o Valor da Marca, veja http://www.carleton.ca/jmc/cnews/22101999/c1c.htm
um escândalo sobre a compra de uma pintura pela Galeria Nacional de Arte do Canadá, em Ottawa.
Um abraço,
Rafael
Valeu pelo link Rafael. Arte é sempre muito pessoal e o seu valor é bem subjetivo. Para mim, entre o "Voice of Fire" do museu de Ottawa e o "Conceito espacial - Espera", eu colocaria o segundo na parede da minha casa.
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