Eu consumo livros - Pedro Páramo

O realismo fantástico sempre me chamou a atenção. A maneira peculiar de associar a realidade com a ficção, mostrando elementos mágicos como corriqueiros me levam de volta à infância, ao mundo paralelo que sempre criei. Gabriel Garcia Marquez, Mario Vargas Llosa, Jorge Luis Borges, nosso Murilo Rubião... sempre foram meus companheiros noite adentro.

Por isso, encontrar Juan Rulfo e seu Pedro Páramo apenas a esta altura da vida foi uma surpresa. Como não nos conhecemos antes? Talvez eu precisasse estar mais madura e mais capaz de entender a mente humana para ser apresentada a Juan Apreciado - e sua busca ao pai que nunca conheceu. Pedro Páramo. Um livro para ler várias vezes e descobrir a cada nova leitura uma nuance diferente. E entender porque Juan Rulfo serviu de inspiração para que Gabo e Vargas Llosa enveredassem por esta estrada.

A sensação ao se terminar o livro, é que o leitor passou por uma trama com centenas e centenas de páginas (como o impagável Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marquez). Mas são apenas algumas dezenas. De um livro tão bem escrito que entrou para a lista dos melhores livros latino-americanos.



PS: é o único romance do mexicano Juan Rulfo.

A favor dos cachinhos

A ditadura da beleza sempre me irritou. Afinal, o que é bonito para um, não necessariamente o é para outro. Concordo com o poeta que diz que beleza é fundamental. Mas o que é o belo? Sempre quis ter o cabelo cacheado e, apesar de todas minhas tentativas, o grampo insiste em escorregar pelos fios.

Diante disso, imaginem minha irritação ao ver, numa loja de brinquedos, um secador e - pasmem! - uma chapinha de brinquedo. Destinados às pequenas acima de 3 anos. Tudo de plástico rosa, claro.

Ok que a indústria precisa aproveitar o que está na moda para vender. Mas que pai ou mãe neste mundo compraria para sua filha um brinquedo que passa a mensagem de que cabelos cacheados não servem? Que para ser bonita, o cabelo tem que ser liso? Que criança merece crescer com sua auto-estima comprometida em função de seu cabelo?

Nós, mulheres, tendemos a ser naturalmente insatisfeitas conosco mesmo - cabelo, corpo, altura, cor da pele, dos olhos... Essa insatisfação virá em algum momento da vida. Não precisa ser fomentada na infância.